Mesmo sem o consentimento dos envolvidos, muitos pais recorrem a kit americano para detectar se os filhos são ou não dependentes. "Se você desconfia que seu filho usa drogas, você deve saber se ele realmente as usa, quais drogas ele usa e quanta droga ele usou nos últimos 90 dias." A afirmação está no site de um laboratório que comercializa kits para detecção do consumo de 12 tipos de substâncias ilícitas por meio da análise de fios de cabelos ou pêlos do corpo - uma amostra que pode ser coletada sem o consentimento da pessoa, diferentemente dos tradicionais exames de sangue e urina.
Contundente, a proposta oferece por R$ 360 a possibilidade de encomendar o exame pela própria internet ou pelo telefone. O resto do processo é feito via correio. Em duas semanas, o envelope com o resultado está nas mãos da família. Não é preciso se expor, sair de casa ou conversar com ninguém. Tudo transcorre de maneira discreta e sigilosa. Direta, a mensagem atinge em cheio familiares preocupados e inseguros, que na falta de uma certeza, e munidos de uma desconfiança, recorrem à tecnologia em busca de uma resposta concreta - apresentada em forma de números e gráficos que classificam os resultados positivos como levíssimos, leves, moderados, graves e gravíssimos. Ranking criado pelo próprio laboratório baseado nos seus históricos de exames.
Polêmica, a idéia leva para o ambiente doméstico, e para as delicadas relações familiares, um tipo de vigilância já usada por algumas empresas e instituições, principalmente para profissionais que lidam com atividades de alto risco. Nesse ponto, levanta questionamentos sobre ética, privacidade e confiança, sendo alvo de psicólogos, psiquiatras e especialistas em prevenção e tratamento.
Recente no Brasil para uso doméstico, o teste é comercializado pela empresa americana Psychemedics em mais de 30 países, sendo mais difundido nos Estados Unidos, onde é aceito dentro do governo, de empresas, de algumas escolas e da vida privada. Sua propagação está ligada à estratégia americana de redução do uso de drogas, baseada na repressão e na intolerância ao consumo, diferente da posição européia que segue a linha da redução de danos. Seja como for, o teste com fios de cabelo e pêlos representa um aprimoramento de outras tecnologias para detectar substâncias ilegais. Já havia no Brasil um outro teste que também podia ser feito às escondidas, mas que detectava apenas uma droga em um intervalo pequeno de tempo ao encostar um aparelho na pele ou em objetos tocados pela pessoa. Era mais simplificado, mas já apontava para um refinamento cada vez maior das formas de vigilância. O novo teste, desde que foi disponibilizado para famílias, teve mais de 2 mil consultas brasileiras.
FAÇA DIFERENÇA !!!
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